Sunday, July 31, 2011

Moog Prodigy (texto em português)



Na segunda metade dos anos 70, a Moog Music - empresa fundada por Robert Moog em 1953 na cidade de NY e que, em 1975, passou a ser uma divisão da Norlin Music, Inc. - estava no auge da sua existência. Completavam-se quase 10 anos do impacto inicial causado pela invenção do sintetizador e o medo de que a máquina substituísse o músico ja estava morto e enterrado: bandas e artistas de praticamente todos os estilos musicais utilizavam sintetizadores nas suas apresentações e gravações. Alguns estilos musicais ja nasciam totalmente baseados no uso dos sintetizadores, como o que surgia na Inglaterra - baseado em bandas como a alemã Kraftwerk - e nortearia praticamente toda a produção musical da década seguinte: o Synthpop.

Coincidentemente ou não, no mesmo periodo em que nascia o Synthpop, as empresas de instrumentos musicais passaram a investir mais na fabricação de sintetizadores mais acessíveis (tanto no preço quanto nas facilidades de operação) e a Moog não ficou de fora desta tendência. Como o Minimoog ainda era um instrumento relativamente caro (sempre foi) e os modelos modulares complicados de serem utilizados por iniciantes no assunto (além de extremamente caros, obviamente) a solução foi adaptar e simplificar em novos modelos. Em 1978 surge o Multimoog (irmão maior do Micromoog, surgido em 1974) e no ano seguinte surgem, quase que simultaneamente, os modelos Liberation, Opus 3, Rogue e – provavelmente o mais conhecido deles – o Moog Prodigy.



O que tornou o Moog Prodigy tão popular (foram comercializadas cerca de 11 mil unidades) foi sua simplicidade, principalmente se o compararmos ao Minimoog: dois únicos osciladores de voltagem (VCO’s) – o oscilador 2 pode ser sincado ao oscilador 1 – geram três formas de onda diferentes cada que podem ser selecionadas em três oitavas diferentes (o oscilador um entre 32’, 16' e 8’ e o oscilador dois entre 16’, 8' e 4’). O sinal passa pelo VCF, no caso um clássico filtro da Moog de 24dB por oitava (com knobs de attack, decay e sustain) e é enviado para o VCA (voltage-controlled amplifier), também com controles de attack, decay e sustain individuais. Um único switch de release para o VCF e o VCA permite controlar o release pelo mesmo knob de decay (semelhante ao Minimoog).


Na lateral esquerda do painel, um knob permite controlar a afinação do instrumento, outro knob permite controlar o portamento (glide) entre as notas e um terceiro knob controla a velocidade do modulador, tanto para o VCF quanto para os VCO’s (os dois tem switches de liga/desliga individuais para isso, mas o knob de velocidade e o switch que define a forma de onda do modulador são os mesmos para ambos) Um teclado de duas oitavas e meia de extensão (32 teclas, de Fá a Dó), com wheels de afinação e modulação semelhantes aos do Minimoog na lateral esquerda completam o Moog Prodigy.



A parte traseira dos primeiros Prodigy (os fabricados entre 1979 e 1981) possui apenas uma saída de audio e chaves de afinação internas, para calibragem do instrumento. Os modelos feitos a partir de 1981 (que iniciam no número de série 4160) passaram a incluir jacks para controles externos (um S-trigger, uma entrada/saída para uso de teclado externo e entradas para controle do VCO, do VCF e de sync). Como o meu foi fabricado antes de 1981, não possui estes controles extras.



Entre todos os artistas que utilizaram um Moog Prodigy nas suas gravações impossível não citar, em primeiro lugar, o Prodigy (banda de música eletrônica liderada por Liam Howlett, que resolveu batiza-la com o nome do seu primeiro sintetizador analógico). Outro grande nome da música eletrônica produzida recentemente a utilizar e divulgar seu Moog Prodigy foi o Fatboy Slim (o sintetizador aparece - entre outros equipamentos e milhares de LP’s - no encarte do seu disco mais conhecido, “You’ve come a long way, baby”, de 1998). As bandas Depeche Mode (Andrew Fletcher aparece usando um em dois momentos diferentes no programa britânico “Top of the Pops”, em 1981, com as músicas “New Life” e “I just can’t get enough”), Blur, Massive Attack, The Album Leaf, Nine Inch Nails, Moloko, 808 State, Christian Lorenz (tecladista da banda alemã Rammstein), EMF e o músico Howard Jones estão entre outros tantos que utilizaram este instrumento.



Meu Moog Prodigy – número de série 3766 – foi o primeiro sintetizador da Moog que adquiri (eu já tinha um Korg 700s, um ARP Omni 2 e um Roland JX3P na época) e, salvo esteja enganado pela memória, foi o primeiro Moog que toquei na minha vida! Comprei-o no final de 1997, lembro de ir ao centro de Porto Alegre com o Emílio – um grande amigo que esteve presente em outras ocasiões em que fui comprar instrumentos vintage em algum local e que me ajuda a lembrar de alguns fatos. Na verdade eu não comprei o sintetizador e sim um conjunto de cases de bateria que usei como moeda de troca com o antigo dono - acho que era Daniel o nome, não recordo bem, mas obviamente era baterista - pelo Prodigy. Um fato curioso é que o contato para compra-lo foi feito atraves da internet, por email ou algo assim, coisa que não era tão comum naquela época (pelo menos para mim). Bom, cheguei feliz da vida em casa e o instrumento – por estar muito tempo parado, provavelmente – não funcionou como deveria, mas levei ao Paulinho, que consertava meus instrumentos quando eu morava no RS, ele abriu, limpou e pronto: ta ai o Prodigy funcionando perfeitamente até hoje! Um único acidente de percurso ocorreu nestes quase 15 anos que o tenho: uns dois anos atrás quando perguntei, como de costume, para o garçon de um bar em São Leopoldo, onde iria me apresentar, se a voltagem no local era 110v. Obviamente o cara não sabia, mas tão obviamente como ele disse que sim, não era e o teclado queimou. Mas foi um susto apenas, bastou rebobinar o transformador que lá estava ele, funcionando perfeitamente de novo. Bom, nem preciso dizer que em todas as gravações que fiz na vida, com os mais variados artistas dos mais variados estilos, acabei usando ele! Este instrumento já viajou comigo para todos os lados neste país, de Bagé, no extremo sul a Rio Branco, no Acre!


photos: Kay Mavrides e divulgação/internet


Gravei este video no domingo, dia 31 de julho de 2011!



Anúncios originais que achei pela internet: